Catálogo de Marcas de Cerâmica das Caldas lançado no Museu

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“Marcas da Cerâmica das Caldas. As Colecções do Museu da Cerâmica e do Museu José Malhoa”, é como se designa o catálogo apresentado no passado dia 15 de Março no Museu de Cerâmica. Além da apresentação desta edição, a sessão contou ainda com a conferência “A Importância das Peças Marcadas no Estudo da Faianças Portuguesa”, por João Pedro Monteiro, técnico do Museu Nacional do Azulejo.

“Foi um trabalho árduo, mas muito interessante”. Palavras de Guilhermina Costa e Marta Pereira, técnicas do Museu de Cerâmica e autoras da publicação que consta de um catálogo das marcas da cerâmica das Caldas que estão presentes nas peças das colecções dos museus de Cerâmica e de José Malhoa.
Segundo a directora dos dois museus, Matilde Couto, “faz sentido  juntar as duas colecções e autorizar esta edição pois era um pedido que me fizeram há algum tempo, ou seja, era um desejo antigo que agora foi levado ao bom termo, com grande satisfação nossa”.

João Pedro Monteiro, do Museu Nacional do Azulejo, falou sobre a faiança portuguesa

A nova publicação segue a linha do roteiro do próprio museu. A directora explicou que a edição tem a “particularidade da reprodução das marcas ter sido feita por fotografia a partir das próprias peças e não terem sido desenhadas ou decalcadas como se faz noutras publicações”.
As duas autoras contaram que este catálogo pretende ser um instrumento de trabalho que qualquer pessoa pode utilizar para “enquadrar em determinado tempo cronológico a obra dos autores”. Por exemplo, será útil durante as visitas guiadas aos museus pois “há pessoas que quando cá chegam pensam que só há Manuel Mafra e Rafael Bordalo Pinheiro quando na verdade há muitos mais ceramistas”, disseram.
João Pedro Monteiro, técnico do Museu Nacional do Azulejo e investigador na área da cerâmica, marcou presença para a conferência “A importância das peças marcadas no estudo da faiança portuguesa”.
Este autor afirmou que as marcas na cerâmica é um mundo ”interessante mas complexo pois há uma grande ausência de informação bibliográfica”. Para este investigador, nas Caldas da Rainha “existem autênticas dinastias de ceramistas que faziam peças de grande originalidade e qualidade, mas a verdade é que algumas se inspiram nas outras, o que cria alguma confusão e dificuldade na identificação”.
Sobre o  novo catálogo, João Pedro Monteiro comentou que este dá conta de várias marcas (produções diferentes organizadas por ordem alfabética) “o que poderá ser um instrumento muito útil para o estudo da cerâmica das Caldas da Rainha”.
Presente na sessão de apresentação esteve o antiquário e coleccionador Jorge Ferreira que afirmou que a investigação efectuada contém “algumas incorrecções”.
Este marchand de arte referiu à Gazeta das Caldas que, entre outros pormenores, encontrou falhas na atribuição de duas marcas. Uma que se encontra na página 61, atribuída a José Francisco de Sousa e que corresponde, na verdade, a J. F.  Noivo Júnior.
Para Jorge Ferreira também não é correcta a atribuição da marca presente na página 13, feita a Ângelo Marcelino Garcia que na sua opinião deverá ser atribuída a Francisco Gomes de Avelar. Apesar do catálogo referir que o monograma é habitualmente referente a este último autor, a nova atribuição que as duas autoras fazem “não é correcta”. É que o Ângelo Marcelino Garcia era juiz e a sua ligação à cerâmica é feita apenas por ter casado com Henriqueta Cunha, filha do ceramista José Alves Cunha. Posteriormente Ângelo Marcelino Garcia esteve ligado à gestão da fábrica do sogro mas a atribuição da marca carece de fundamento documental.
Contactada para comentar a opinião de Jorge Ferreira, a directora dos museus Malhoa e da Cerâmica, Matilde Couto afirmou apenas que este catálogo de marcas “é uma obra aberta, um instrumento de trabalho que pode lançar a discussão, motivar novos estudos e pesquisas em relação às marcas e à sua atribuição”, rematou.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

2 COMENTÁRIOS

  1. Após a leitura do livro “Marcas da Cerâmica das Caldas. As Colecções do Museu da Cerâmica e do Museu José Malhoa”, constatei que o mesmo engloba um conjunto de informação muito interessante acerca dos maiores ceramistas caldenses. É um livro de fácil compreensão e entendimento, proporcionando desta forma uma leitura bastante agradável.
    Aconselho todos aqueles que se entressem por cerâmica a ler este manual.

  2. Fiquei muito contente em encontrar este livro aqui, pois tenho um vaso/pote, muito antigo, igual ao da capa.Era da minha bisavó que veio dos Açores.Como não tem marca,julguei que não fosse das Caldas, Bordalo Pinheiro. Tinha uma pequena torneira e penso que era para água.
    Vou procurar o livro para o comprar.