Apresentação sobre o Hospital Termal no Brasil causa polémica

0
482

050A participação da directora clínica do Hospital Termal, Conceição Camacho, num seminário, que decorreu em Maio em Poços de Caldas (Brasil), cidade irmã das Caldas da Rainha, onde falou sobre  o termalismo e bem-estar, causou polémica nas redes sociais.
A polémica surgiu depois de ter sido partilhado um artigo de jornal onde é referido que a responsável fala num impacto positivo de um suposto novo público das termas caldenses.
No grupo do facebook “Caldas da Rainha – Juntos Pelo Nosso Hospital” houve muitas críticas ao facto de se falar no Hospital Termal como um bom exemplo europeu, quando este não tem tratamentos termais há mais de um ano.
Conceição Camacho explicou à Gazeta das Caldas que esteve presente a título particular, e no seu período de férias, no 9º Encontro da Hotelaria Mineira, que se realizou a 9 e 10 de Maio em Poços de Caldas, a convite do presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alípio Vaz.
“Fizeram-me o convite para falar sobre a importância das termas na saúde e bem-estar”, contou, acrescentando que existe uma grande vontade em desenvolver o termalismo naquela localidade. “Quiseram ouvir alguém como eu, que está há 30 anos na hidrologia, para que fizesse apresentação às autoridades municipais da importância do termalismo”, disse.
Logo no dia em que chegou esteve presente numa entrevista na TV de Poços de Caldas e fez depois a sua apresentação no encontro, perante autarcas, empresários e técnicos do balneário termal da cidade brasileira.
O sucesso da sua intervenção, denominada “A importância dos espaços termais na Saúde e no Bem-Estar”, foi de tal ordem que foi de imediato convidada para fazer essa apresentação, dois dias depois, noutra cidade brasileira, a cerca de 400 quilómetros de Poços de Caldas.
O problema surge pelo facto de ter sido publicada uma notícia num site brasileiro (www.revistahotelnews.com.br) onde está escrito que a médica  teria dito que havia um impacto muito positivo do funcionamento do Hospital Termal, quando na verdade este deixou de ter tratamentos hidrológicos há mais de um ano.
“Estamos conquistando um outro público, mais jovem e com mais dinheiro para gastar, que procura além do tratamento termal outros tipos de terapias. E isso está reflectindo em muitos outros negócios em Caldas da Rainha, hotelaria, bares e restaurantes e comércio em geral. Está sendo muito bom para o turismo e a economia da cidade”, cita a revista, no que alegadamente seria uma afirmação da responsável.
Conceição Camacho nega ter afirmado isto e garante que na sua intervenção fez questão de explicar que o Hospital Termal estava encerrado e que havia  possibilidade de ir avançar um processo de transição do Ministério da Saúde para a Câmara das Caldas
No artigo é referido que Conceição Camacho “compartilhou pontos relevantes da sua ‘expertise’ à frente de uma das referências europeias no segmento turismo de bem-estar”.  Por outro lado, o artigo refere que 30% dos visitantes do Hospital Termal “são pessoas que buscam relaxamento e lazer”, mas a médica explicou-nos que se referia à realidade nacional. “Não tenho culpa que isso não tenha sido bem interpretado pelo jornalista”, afirmou.

Uma cura
termal são 21 dias

A médica aproveitou para destacar que uma grande parte dos tratamentos realizados Hospital Termal das Caldas não podem ser considerados, “em bom rigor uma cura termal, porque esta tem de ter 21 dias de duração” e habitualmente são apenas de 12, 14 e 15 dias. Ainda recentemente, no Congresso de Hidrologia que se realizou em Junho, foi referido que em França só são comparticipados os tratamentos com a duração de 21 dias.
No entanto, garante que esses tratamentos com menos duração também têm resultados na saúde dos aquistas, mas neste caso deve-se falar em “cura de lazer e bem-estar”. Apesar disso, diz ser preferível que os doentes façam dois tratamentos de menor duração por ano (de 14 dias), do que apenas uma cura termal anual. “Sempre vi melhores resultados assim, porque passam um ano inteiro sem tomar medicamentos e sem queixas”, afirmou.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt