Festival do Vinho e da Pêra Rocha visitado por mais de 20 mil pessoas no Bombarral

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JorgePalma-publicoA arriscada aposta da organização do Festival do vinho e da pêra Rocha, ao colocar os UHF (na quarta-feira) e Jorge Palma (na quinta-feira) a actuar durante a semana, revelou-se uma mais valia. Somando apenas esses dois dias, passaram cerca de 7500 pessoas pelo Bombarral.
Pela edição deste ano (a 31ª do festival do Vinho Português e a 21ª da Feira Nacional da Pêra Rocha) passaram 21.078 pessoas pagantes, segundo a organização. Os cerca de 800 trabalhadores diários não entram para estas contas, assim como não entram as entradas oferecidas a instituições como, por exemplo, a Santa Casa da Misericórdia.
Ricardo Daniel, da organização deste certame, fazia um balanço muito positivo do evento e salientava a aposta ganha ao escolher os artistas cabeças de cartaz para os dias de semana. Na quarta-feira o certame ultrapassou as 3200 pessoas e na quinta-feira recebeu cerca de 4200. Ainda assim, o sábado foi o dia mais concorrido, alcançando quase 5000 pessoas.
Os produtores de vinho e de pêra Rocha contactados pela autarquia para fazerem um balanço do certame, acharam que este ano correu muito bem.
Jorge Palma esgotou anfiteatro

O concerto de Jorge Palma trouxe mais de 2000 pessoas ao anfiteatro municipal do Bombarral na noite de quinta-feira, 7 de Agosto. A presença da bombarralense The West Europe Orchestra, liderada pelo maestro Élio Leal, abrilhantou uma noite de Verão que se revelou bastante agradável.
Jorge Palma foi o Jorge Palma que todos conhecem – uma pessoa com um à vontade em palco muito próprio, que lhe permitiu dançar com uma das artistas da orquestra, com um amor à música único e um jeito só seu que, desta vez, o levou até a tropeçar em palco. Nada de novo, portanto.
Uma noite em cheio para os 2000 espectadores que lotaram o anfiteatro municipal. A procura foi tanta que, volvidos 35 minutos do início do concerto, a organização foi obrigada a fechar as bilheteiras, apesar de ainda haver muitos interessados em entrar.
O público, bastante heterogéneo, cantou com o artista as tão conhecidas: “Só”, “Deixa-me rir”, “Na terra dos sonhos”, “Encosta-te a mim” ou a “Portugal, Portugal”. “Frágil” foi a canção que, nesta noite, arrancou a primeira reacção dos presentes.
Dineke Huisman é holandesa e vive há sete anos na Usseira. Desde que foi morar para esta aldeia que vem ao festival, mas considera que “este ano está melhor porque está tudo mais arranjado e mais estruturado”. Tanto ela como o marido gostaram muito do concerto de Jorge Palma e disseram que vieram porque apreciam muito a sua música. “Ainda foi melhor do que esperava porque pensava que era um sítio fechado, não conhecia este espaço” disse Dineke Huisman à Gazeta das Caldas. Um dos pontos fortes da noite foi o facto de algumas pessoas da orquestra serem conhecidas do casal holandês.Cristina Gomez, do Cadaval, já veio várias vezes ao Festival do Vinho e da Pêra Rocha e salienta a importância de iniciativas deste tipo na região, até porque “faz falta animação deste género”. Sobre o concerto, foi “espectacular”, exclamou.
De mais longe veio Sónia Slavcheva. Esta jovem búlgara veio de Lisboa para ver o concerto. Não conhecia o Bombarral. Gostou da orquestra, mas achou o “comportamento do Jorge Palma um bocadinho esquisito”. O momento em que o cantor caíu foi destacado pela jovem como um dos momentos mais insólitos da noite.
Já o próprio artista destacou o espaço no qual actuou no Bombarral. “Tem uma envolvência muito especial”, disse à Gazeta das Caldas, sublinhando a moldura humana que se juntou para ver o trio acústico que compõe com o seu filho, Vicente Palma e com Gabriel Gomes. Este tipo de eventos, “que reúnem o nosso património cultural, seja ele gastronómico ou musical, são sempre de aplaudir”, disse Jorge Palma.

UHF – até as árvores dançaram

Na quarta-feira, dia 6 de Agosto, o certame contou com a actuação sempre enérgica dos UHF. O concerto, realizado na Mata Municipal, conseguiu juntar gente de todas as idades, sendo que a maioria eram adultos da geração de 80.
António Ribeiro, vocalista da banda, mostrava-se “impressionado com a pujança” da zona vinícola e da pêra Rocha da região. “Percebe-se que ali há pessoas que trabalham” exclamou. O artista salientou ainda os “momentos de grande emotividade com o público” e um momento particular, quando, depois do concerto, a banda estava a dar autógrafos e algumas pessoas de idade lhes deram os parabéns de uma forma muito sincera.
“O ambiente bucólico” e o facto de ser um concerto ao ar livre ajudaram a criar uma atmosfera muito positiva. O momento alto da noite foi, na opinião do artista, quando cantaram os “Sonhos na Estrada de Sintra” e fez uma exortação ao patriotismo para “todos os portugueses, sem lamúrias, serem aquilo que são”.
Mas nesta noite, os “Cavalos de Corrida”, “Matas-me com o teu olhar”, entre outras, fizeram as delícias do público. “Não digo que a sala veio abaixo porque o concerto foi ao ar livre, mas até as árvores dançaram”, exclamou António Ribeiro.
Ana Correia, bombarralense, confessou que adora os UHF, “as músicas deles fazem parte da minha geração e é sempre bom recordar”, exclamou. O concerto foi muito bom, disse à Gazeta das Caldas.

Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt

Isaque Vicente
ivicente@gazetadascaldas.pt