A Semana do Zé Povinho

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CarlosMotaFd-AntonioBartoloHá iniciativas que, com custos modestos e sem grandes meios, podem atingir objectivos mais profundos e com maior alcance. E há sempre um manancial de jovens e menos jovens artistas com vontade de afirmação e de ocuparem o seu período de férias de uma forma criativa e em convívio com gentes de outras nacionalidades.
Zé Povinho apreciou este ano a terceira edição da residência dos oito aguarelistas que teve lugar este mês nas Caldas da Rainha, depois da mesma iniciativa ter sido lançada em Santa Cruz, pela qualidade e variedade dos trabalhos realizados tendo como motivo paisagens e monumentos locais.
A persistência da organização, liderada por António Bártolo com o apoio funcional do CCC, pela mão do seu director, Carlos Mota, mostra que iniciativas deste género podem ter continuidade e criar raízes, mostrando aos caldenses novas formas de olhar para a terra onde vivem, que é valorizada de uma forma diferente por aqueles que a visitam pela primeira vez.
Há uma tradição caldense e da região neste domínio, a que não são alheias as bienais de escultura, ateliers de cerâmica e de outras expressões artísticas, cursos musicais, etc., que podiam ter mais impacto na opinião pública local e nacional, se tivessem formas de promoção mais eficientes, uma vez que com pouco dinheiro é difícil potenciar estes eventos a um nível mais global.
Apesar do papel incansável de muitos destes “carolas”, como do António Bártolo, muitas destas iniciativas perdem-se entre acontecimentos com maior impacto só porque trazem meia dúzia de figuras do jet-set ou da música internacional, que movem multidões, quando estes trabalhos mais singelos de criação e produção artística até acabam por ter resultados de longo prazo, mas com menor audiência no imediato.
Por isso, Zé Povinho dá uma palavra de incentivo a António Bártolo, bem como a muitos outros Bártolos que se batem pela promoção artística e cultural na região com orçamentos minúsculos e às vezes obtendo resultados maiores para o futuro do que aqueles epifenómenos de algumas horas.

 

 

cpA CP não acerta uma. Bem pode o seu presidente, Dr. Manuel Queiró, andar a dizer nos jornais que a linha do Oeste é um caso de sucesso, que a realidade encarrega-se de o desmentir diariamente.
É certo que a nova oferta em vigor – que reforça as ligações a Coimbra e à linha do Norte – inverteu o definhamento a que a linha parecia estar condenada, salvando-a, inclusivamente, do seu encerramento a norte das Caldas da Rainha, como chegou a estar previsto no Plano Estratégico dos Transportes anunciado no início deste governo.
Mas em quase tudo o resto a CP ignorou as recomendações do estudo do Eng. Nelson Oliveira, subscrito pelos autarcas do Oeste, e que poderiam potenciar a exploração deste corredor ferroviário.
A empresa desistiu das ligações para Lisboa, que são hoje feitas em comboios regionais com paragem em todas as estações e apeadeiros, correndo assim com os últimos passageiros resistentes (reformados e jovens na sua maioria) que ainda apanhavam o comboio para a capital.
Ignorou também o mercado da Linha de Sintra, cujos habitantes acabam por ir de Sintra, Cacém, Amadora ou Queluz para Sete Rios apanhar os autocarros para o Bombarral, Caldas ou Marinha Grande, apesar de haver uma linha ferroviária a unir estas localidades. Por exemplo, é preciso apanhar três ou quatro comboios para ir de Sintra ou Rio de Mouro a S. Martinho do Porto.
A CP não mexeu também num tarifário injusto que penaliza a linha do Oeste nas ligações ao resto do país pois soma as várias ligações como se fossem mais viagens, em vez de considerar uma só viagem com uma origem e um destino.
E como se não bastasse, mantém a má prática de pôr os comboios a começar e a terminar a sua marcha nas Caldas da Rainha, cortando a linha – artificialmente – ao meio e obrigando quem quer prosseguir viagem a fazer transbordos.
A recente história de que os comboios perdem tempo e partem atrasados para poderem abastecer de combustível é a cereja em cima do bolo.
A CP pode queixar-se de ter poucos comboios, de estes serem velhos e avariarem muito, de não ter dinheiro comprar novos. Mas há actos de gestão penalizadores que deveriam ser evitados se se quiser que a linha do Oeste sobreviva mais cinco anos até à sua (anunciada) modernização.