Feira do 15 de Agosto – vendedores dizem que só a sexta-feira valeu a pena

0
448

Feira15AgostoJoana-(5)A Feira Anual das Caldas da Rainha voltou a cumprir-se por quatro dias, de 15 a 18 de Agosto, mas se as expectativas eram positivas quanto ao número de visitantes, já que o certame se prolongava até segunda-feira, a realidade foi bem diferente. Na verdade, sexta-feira foi o único dia que parece ter sido rentável para os 130 vendedores, que admitem estar desmotivados com a situação actual da feira, que em tempos já trouxe milhares de pessoas à cidade.
Este ano, a pouca publicidade – quase inexistente – e o vento que se fez sentir, principalmente nos dois primeiros dias, poderão ter sido os principais factores que explicam a pouca afluência ao evento, que tem vindo a perder cada vez mais o seu lado popular. Por exemplo, nas atracções os adultos só tinham os carrinhos de choque, sendo os restantes quatro divertimentos vocacionados para as crianças.
No entanto, há coisas que são perenes. A venda de quinquilharias, churros, farturas, algodão doce, roupa e calçado – a maior parte imitações das grandes marcas – mantém-se como a imagem da feira.
A feirante Ana Maria, de 62 anos, que já frequenta a Feira do 15 de Agosto há muitos anos, bem como a Feira Semanal das Caldas da Rainha, que se realiza todas as segundas-feiras pela manhã, confessa-se desiludida. “Este ano correu-nos mal, porque esteve muito desagradável devido ao vento. Só ontem [sexta-feira] tivemos muita gente, porque de resto não tivemos público suficiente para ter lucro. Paguei por este espaço 108 euros para vender quase só um dia, à sexta, e nos outros vou aproveitando umas migalhinhas”, contou a vendedora de roupa interior e vestuário para criança. Além disso, Ana Maria apontou para a falta de condições em que decorre o certame, principalmente para o facto de o piso ainda ser de terra batida.
Pelo caminho, um grupo de jovens também não faz melhores críticas. Sílvia Catarino, de 22 anos, é das primeiras a falar à Gazeta das Caldas, afirmando ironicamente que é o primeiro ano em que a feira começa e termina logo à sexta-feira, apesar de ser sábado à noite. “É verdade que já chegámos tarde, são onze e meia, mas muitas bancas já estão a fechar. Lembro-me de vir o ano passado, também ao fim de semana, e isto não estava assim. Hoje não está quase ninguém”, contou a jovem, que é das Gaeiras.
Já Ricardo Mendes, de 26 anos, sublinhou que não se nota apenas que o poder económico das pessoas é cada vez menos, mas também que os próprios feirantes parecem não ter muita motivação em estar a vender.
Mas, se há coisa que costuma ser procurada numa feira popular são as farturas. Jorge Dias, proprietário das Farturas Cartaxo, revelou-se preocupado com a edição deste ano pois teme que a vinda à feira não compense os gastos de aluguer e luz. Conta que já vem ao certame há mais de 20 anos, “mas continua tudo na mesma, ou seja, mal”. Por outro lado, o comerciante considera que o evento das Tasquinhas da Expoeste, a decorrer em simultâneo, acaba por roubar público à feira “porque lá as pessoas estão dentro de um pavilhão, confortáveis e quentinhas, além que têm animação noite dentro, acabando por perder a vontade de vir até ao mercado”.
Contudo, apesar dos testemunhos desanimadores, a autarquia tem uma visão diferente. Contactado pela Gazeta das Caldas, o gabinete do vereador Hugo Oliveira garante que, embora não haja uma estimativa exacta, o número de visitantes da Feira do 15 de Agosto foi superior ao do ano anterior.

Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt