Feira d’Avenida é um exemplo de como se pode animar uma zona urbana

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comidasDurante os dias 22 e 23 de Agosto, a Feira d’Avenida voltou à invadir a avenida 1º de Maio. O evento, organizado pela Papelaria Vogal, agrada à maioria das pessoas pois traz animação ao centro da cidade. O evento estará de regresso no primeiro fim de semana de Setembro incluindo o primeiro encontro de animais de estimação que se segue à bem sucedida primeira Cãominhada, que reuniu meia centena de participantes com os respectivos animais de estimação. Gazeta das Caldas falou com várias pessoas que consideram que este evento poderia ter continuidade e realizar-se, pelo menos, uma vez por mês.

Ao longo de sexta-feira e sábado percorrer as avenidas 1º de Maio e da Independência permitiu viver uma experiência diferente. Dos dois lados espalharam-se 68 bancas até à estação da CP. Quem trazia filhos podia espreitar as bancas enquanto os pequenotes davam pulos em insufláveis (instalados no parque infantil) ou se transformavam, com pinturas faciais,  em animais ferozes, princesas ou super-heróis.
Para os adultos havia bancas com artesanato, artigos de beleza, doces e bolos regionais, bordados, trapologia, comes e bebes.
Junto à Vogal estabeleceu-se a banca “Delicias da Hagira” que tinha comida biológica feita “com produtos da minha horta!”. Hagira Guibá é caldense, mas agora vive em Penela e já tinha participado, com sucesso, na primeira edição da feira d’Avenida realizada no primeiro fim-de-semana de Agosto.
“As pessoas estão a gostar muitos dos meus produtos”, disse à Gazeta das Caldas enquanto dava a provar o seu paté de tremoço e ainda outro de alho com aipo. Também o queijo (cabra e ovelha) e o pão (com trigo biológico e  centeio) são feitos por Hagira. Entre outras iguarias destaque para o Bolo de Beterraba, de courgete e para as quiches de alho francês, cenoura e aipo. Para esta caldense, o evento é uma boa iniciativa “pois traz movimento e animação ao centro das
Os mais novos depois das pinturas faciais podiam tirar fotografias ou desenhar e fazer recortes com a ajuda do desenhador Carlos Moreira. Junto ao café Lala estava Luísa Santos com uma banca dedicada à venda em segunda mão, a “Sete Vidas”. “O que aqui está a faltar é música a bombar!”, dizia a comerciante que já tinha estado no primeiro fim de semana de Agosto.
Na sua opinião os vendedores têm que apoiar quem organiza estas iniciativas que visam dinamizar áreas da própria cidade. Para iniciativas futuras sugere que se aposte em mais actividades para os miúdos  pois estes “acabam por puxar os pais”. E deixa sugestões como a colocação de mais insufláveis ao longa da Avenida, um mini carrossel, sem esquecer as farturas e as pipocas. Luísa Santos acha que esta Feira poderia acontecer uma vez por mês e deveria decorrer “à sexta à noite, ao sábado e ao domingo”. Esta comerciante considera que há uma outra área da cidade que precisa de ser animada: a ex-Praça do Peixe que poderia ter bancas, sob chapéus de sol.

“É preciso levar o evento a outras zonas da cidade”

Ana Correia veio vender para a Feira pela segunda vez peças de cerâmica que a própria pinta. Este é um passatempo que aprecia e que considera “uma terapia”.  Na sua opinião são necessárias mais iniciativas como esta pois “não basta idealizar os eventos,  é preciso pô-los em prática para criar o hábito nas pessoas de vir aqui”. Para esta participante a iniciativa deveria acontecer também noutras zonas da cidade como na Praça da Fruta, quando estiverem finalizadas as obras. As vendas, essas têm sido “mais ou menos” e como se trata de algo novo, é melhor haver uma preocupação com a criação de um hábito.
A maioria dos moradores gosta da animação que a Feira D’Avenida traz à sua área de residência se bem que há quem note que há bancas com melhor apresentação do que outras. A caldense Maria Costa acha muito bem que haja animação e eventos que promovam a cidade mas “é preciso algum cuidado com a apresentação do que se tem para vender pois, caso contrário, confunde-se a iniciativa com uma feira de Velharias”. E de facto algumas bancas mostravam grande zelo e cuidado com a apresentação enquanto que outras expuseram o que tinha para vender no chão.
À animação durante os  dois dias foi permanente e houve propostas para todos os gostos. Actividades de slide e de treino de taekwon-do com mestre António Eusébio, poesia de Filomena Santos e Fernando Rocha e a representação do auto “A Flauta Mágica”, no projecto Asperger “As Claras”.
Actividades como as aulas de Zumba e a apresentação da Escola de Tangsoo-Do das Caldas da Rainha, com a apresentação das taças conquistadas no campeonato do Mundo que teve lugar recentemente nas Caldas foram das que contaram, segundo a organização, com a adesão de centenas de participantes. À tarde e à noite houve actuações de piano por Fernando António dos Santos e as aulas práticas e demonstrações de artes marciais atraíram muitos visitantes.
Durante os dois dias “houve milhares de pessoas que passaram pela Avenida ou assistiram a alguns destes eventos, além das compras nas várias bancas”, disse Francisco Vogado, da Vogal e um dos principiais organizadores do evento.
O empresário contou à Gazeta das Caldas que esta ideia se deveu não só à necessidade de animar e de atrair gente para a Avenida, que teve a circulação automóvel cortada (e ainda tem parcialmente) devido às obras de regeneração, o que está a prejudicar o comércio da zona. Francisco Vogado destaca até que, em relação ao ano passado, altura em que a crise já imperava, as “vendas desceram 35%”. Na sua opinião é preciso agir e, como tal, a habitual actividade de aniversário da Papelaria que se realiza em Maio acabou por dar origem à Feira d’Avenida.
De qualquer modo este comerciante recorda que o evento é organizado com base no voluntariado, pelo que deveria passar para as mãos da ACCCRO e da autarquia. “Temos alguma dificuldade em assumir este projecto na totalidade…”, disse o organizador acrescentando que contactou os comerciantes porta a porta para que aderissem a estas primeiras edições.
Agora que a Feira d’Avenida teve um bom arranque, “não a podemos deixar morrer”, afirmou. De qualquer diz que vai continuar a desafiar as entidades oficiais “a agarrar neste modelo, que se pode estender a outras zonas da cidade”.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt