A Semana do Zé Povinho

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ESE Zé Povinho não é muito militarista, mas sabe apreciar aqueles que escolhem a carreira militar como vida profissional e missão ao serviço da sua Pátria.
Se não houvesse guerras nem ameaças os militares tinham uma função reduzida, mas o que a História demonstra é que periodicamente há situações no mundo em que se não houvessem militares, forças extremistas e anti-democráticas imporiam as suas regras e tornariam o mundo ou partes do mundo em locais temíveis.
Por isso compreende e até acha muito importante o papel desempenhado hoje pelos militares em Portugal, constituindo uma força ao serviço da democracia e da defesa dos regimes democráticos no mundo, desde há alguns anos integrados nas forças de paz das Nações Unidas.
Por isso, Zé Povinho, até pelo papel que desempenhou na queda da ditadura, tem uma grande consideração pelo então RI5 e desde há alguns anos pela ESE das Caldas da Rainha.
Nos últimos dois anos teve o ensejo também de ver como o comandante daquela unidade militar, coronel Barros Duarte, desempenhou o seu cargo em ligação directa com a comunidade e executando missões de grande solidariedade social com a população local.
Esses factos foram reconhecidos por vários responsáveis caldenses, das mais variadas proveniências politicas e partidárias, bem como por outras pessoas com interesses de ordem cultural e social.
O comportamento do coronel Barros Duarte mesmo em relação á comunicação social regional foi exemplar, facto que não é muito comum em muitos responsáveis dessa área, tendo mostrado uma sensibilidade grande para a função que ela desempenha.
Zé Povinho recorda que quando o jornal Gazeta das Caldas organizou um debate sobre o papel do RI5 no 25 de Abril, imediatamente manifestou o interesse que fosse presenciado por militares em formação naquela escola, atitude que calou muito forte entre os caldenses presentes.
Assim Zé Povinho acha que o coronel Barros Duarte, até pela suas raízes na região, merece um elogio forte neste momento de despedida, esperando que a sua conduto faça escola no futuro.

 

O ferrdesceo velho tem aquele toque especial em Portugal que parece permitir transformar lixo industrial e de infra-estruturas em ouro.
Mas como tudo o que luz pode não ser ouro, este ouro também é a perdição neste pais à beira mar plantado. É aqui que está a diferença entre as nações ricas e remediadas: enquanto que em muitos países (talvez também neste) a corrupção é feita com base em negócios de maior monta, correndo milhões, neste caso intitulado prosaicamente “face oculta”, quando a face foi descoberta encontraram-se traços de ofertas de alguns milhares de euros, de alguma benesses como telelés e robalos à mistura, não esquecendo alguns pópós.
Provavelmente terá havido mais valores em jogo, mas as escutas telefónicas mostram bem a mixuruquisse dos pedidos dos comparsas destas combinações.
A corrupção não é maior ou menor, nem mais grave ou menos grave, se estão em jogo milhares ou milhões, porque significam sempre o íntimo dos corruptores e dos corruptos.
Há corruptos que se podem vender por um conjunto de refeições, enquanto que há outros que exigem chorudos cheques ou outras prebendas.
O julgamento de Aveiro é um espelho do país que viu o seu término (ou primeira etapa, uma vez que ainda faltarão mais algumas fases que vão mostrar como a Justiça se movimenta nestes assuntos) na passada semana, coincidindo no tempo com a emergência de outros casos como o são o BES/GES/PT.
Dizem que, nestes últimos, se o principal alvo desta catástrofe falasse, a repercussão na classe política portuguesa teria consequências estratosféricas e catastróficas para o regime político.
Contudo Zé Povinho não quer menosprezar os condenados de Aveiro, achando que eles também significam um pouco do que é o próprio país, pobre-remediado, em que há gente que vai a todas e por uns pratos de lentilhas não perde a oportunidade para molhar a sopa.
Afinal é mesmo o problema do homem pequeno e da sua circunstância. O caso de Aveiro, apesar de grave, constitui uma caricatura de Portugal. Pequenotes e contentotes, é esta a tragédia nacional, que mesmo assim, foi um factor determinante na queda do anterior governo, para além de todas as restantes causas.