Hospital das Caldas vai ficar sem psiquiatra

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choPaula Carvalho, psiquiatra do Hospital das Caldas há cerca de 20 anos, pediu a sua exoneração da Administração Pública e vai deixar esta unidade de saúde no final do ano.
Contactada pela Gazeta das Caldas, Paula Carvalho escusou-se a fazer comentários sobre o seu pedido de exoneração.
Como esta era a única médica psiquiatra do CHO (que inclui ainda os hospitais de Torres Vedras e Peniche), o serviço de Psiquiatria deixará de existir.
“Sendo a Psiquiatria uma especialidade médica, o Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, como qualquer outro, não pode funcionar sem um elemento médico”, referiu a administração do CHO, em resposta às perguntas enviadas por escrito pela Gazeta das Caldas acerca desta situação. Sem resposta ficou a pergunta de como o CHO irá resolver o problema da ausência de psiquiatra.
Quanto ao funcionamento das equipas comunitárias que fazem a articulação dos cuidados de saúde primários com a Psiquiatria do hospital das Caldas (um projecto dinamizado por Paula Carvalho), o CHO refere que “é distinto da saída da Administração Pública da profissional em questão, e assim sendo, a sua continuidade não está dependente do CHO”. Resta saber se a médica está disponível para manter este projecto.
No entanto, o estado de espírito da psiquiatra era já bem patente a 17 de Outubro, durante o XV seminário do Núcleo de Intervenção na Área da Saúde Mental, quando denunciou as carências de recursos humanos no CHO e na região ao nível do serviço de Psiquiatria.
Paula Carvalho referiu mesmo que a lista de espera actualmente é “pornográfica”, acrescentando que as redes de referenciação dizem que a população abrangida pelo CHO deveria ter 10 psiquiatras e neste momento existem 1,45, sendo que o 0,45 é um profissional com um contrato de prestação de serviço que apenas faz consulta externa.
O CHO já abriu duas vagas para esta especialidade, mas não foram preenchidas apesar de haver pessoas interessadas. Tal como a Gazeta das Caldas noticiou anteriormente, a responsável salientou que é necessário que sejam criadas as condições para que os profissionais queiram vir trabalhar em definitivo para as Caldas e isso passa pela existência de uma equipa estável.
O pedido de exoneração de Paula Carvalho já foi tema de discussão internamente ao nível de algumas forças politicas locais, que estão preocupadas com o fim do serviço de Psiquiatra e das equipas comunitárias, ou seja, com mais este encerramento de um serviço crucial no hospital caldense.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

1 COMENTÁRIO

  1. A saída da Dr Paula carvalho é um muito mau sinal! O desinvestimento na saúde ( e em particular na saúde mental ) é um sinal do desrespeito que este governo tem vindo a exibir ( com garbo ) nos últimos anos.
    A saúde mental dos portugueses não importa ( o que importam uns quantos cidadãos que, na opinião destes senhores, são pouco produtivos, consomem muitos recursos…) quando somos, em simultâneo , confrontados com os milhões que “os que importam” têm subtraído ao herbário público . Enquanto permitirmos que estes senhores decidam quem merece ter acesso à saúde ( e aos outros bens de carácter social) e à cidadania, só teremos desgostos. Vejamos o que está a acontecer aqui ao lado ( com o podemos) e noutras partes da Europa que, já há muito tempo fazem um escrutínio daquilo que os políticos e os amigos deles nós vêm impondo.
    Sejamos sérios, distribuamos os recursos por onde eles vão sendo precisos e rejeitemos esta política liberal que nos querem vender como boa.
    As Paulas de carvalho que um dia resolveram assumir um papel numa qualquer cidade do interior, vão tenso que desistir ( delas e das populações que servem) sob pena de, também elas , entrarem nessa trituradora que é a política que estes senhores têm vindo a fazer sob a capa de grande competência e de grande verticalidade que o sr Passos elho é o exemplo mais claro .
    A Dra Paula fez saber que sai, bem haja por isso.