“Uma justa homenagem” à directora caldense Matilde Couto

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Matilde-cotoFoi um serão de agradecimento e de reconhecimento ao mérito de Matilde Couto (ex-directora dos museu Malhoa, da Cerâmica e da Nazaré) que se viveu a 4 de Dezembro no restaurante “A Lareira”. Ao todo foram 62 pessoas, entre familiares e amigos, que participaram neste evento organizado por uma comissão liderada por Mário Gonçalves, que foi presidente da Liga dos Amigos do Museu de José Malhoa.
O presidente da Câmara também marcou presença e afirmou que a homenageada “deu um importante contributo à componente museológica das Caldas da Rainha”.

Um percurso profissional “caracterizado pelo mérito”. Foi desta forma que Mário Gonçalves se referiu a Matilde Couto na sua intervenção, que decorreu no final do jantar em sua homenagem. O organizador deu a conhecer as várias fases da carreira da homenageada, tendo referido que foi trabalhadora-estudante, pois exerceu funções técnicas e administrativas no Museu José Malhoa desde 1968 até à sua integração na carreira de museologia, pois tornou-se conservadora em 1982.
O orador afirmou que profissionalmente o Museu de José Malhoa foi “a Casa” de Matilde Couto pois foi àquele museu que se dedicou durante mais anos, tendo estado vários vezes na direcção, quando cessaram as funções dos directores João Saavedra Machado e de Paulo Henriques, entre 1987 a 1992 e entre 1998 a 1999, respectivamente. Após concurso público, passou a ser directora.
Mário Gonçalves acrescentou ainda que a homenageada, a par com a sua profissão, “cumpriu com reconhecida idoneidade, o desempenho de inúmeras actividades de carácter cultural e social”. Referindo alguns, o orador deu a conhecer que a homenageada foi membro fundador e presidiu ao Clube Soroptimist Internacional das Caldas em 2007, de que foi presidente da direcção e, já este ano, sendo actualmente membro da Comissão Executiva do Conselho da Cidade.
Para o presidente da Câmara, Tinta Ferreira esta foi “uma excelente iniciativa dos promotores pois é uma homenagem merecida e justa”. O edil relembrou que Matilde Couto foi “uma directora muito empenhada e dedicada no que se refere à conservação do património dos museus”. O edil contou que trabalhou com a ex-directora quando o Museu Malhoa encerrou para remodelação em 2008, e houve necessidade de transferir um núcleo da colecção para o Museu do Ciclismo. “Tivemos uma excelente relação de trabalho, muito útil, que permitiu que essa transição fosse tranquila e pacífica”, disse. Para Tinta Ferreira, a homenageada deu “um importante contributo à componente museológica das Caldas da Rainha”.

“Os museus estão em “mudança de paradigma””

A homenageada referiu que toda a vida profissional foi dedicada ao património e à cultura e que desde 1968, altura em que entrou para o Museu Malhoa, fez “um percurso de aprendizagens”. Matilde Couto fez referência a várias personalidades ligadas aquele espaço museológico, salientando a acção do fundador António Montes, Maria Helena Coimbra e de Nicole Ballu-Loreiro.
A partir de 1972, Matilde Couto trabalhou com o director João Saavedra Machado (que faleceu há dois meses), tendo sido “15 anos de trabalho entusiasmado, num período de mutações da sociedade e da política e de exigência e de intervenção cultural, decorrentes do 25 de Abril”. Foi aquele responsável que a inscreveu no curso de Conservador de Museus, promovido pelo Instituto Português do Património Cultural. Palavras de apreço à acção de Paulo Henriques, que dirigiu o Malhoa e ainda recordou que em 2006, o museu caldense encerrava para a realização da obra de requalificação que demoraram dois anos.
Em 2007, alterações da administração central levam a que Matilde Couto passe a dirigir também o Museu de Cerâmica. A homenageada deixou palavras de apreço às equipas dos museus e sobre este último sublinhou que a sua Oficina de Olaria “continua e, por vezes, intensifica uma acção que intervém no meio e distingue o Museu, aproximando-se das instituições e deixando a sua marca”, acrescentou. Deixou ainda o desejo da concretização da ampliação do Museu de Cerâmica, algo esperado há muito por várias direcções, do Grupo de Amigos e Câmara Municipal.
Em 2011, quando foi director do IMC João Brigola, este responsável “dá por terminada a comissão de serviço [de Matilde Couto] sem avaliação”. Pela defesa da dignidade, e impulsionada por amigos, decide “questionar, reclamar em sede própria”. A atitude mereceu o acordo e a reposição do cargo de direcção pelo Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas. Ainda nesse ano, a tutela passa alguns museus à dependência das administrações regionais. O Museu José Malhoa, o da Cerâmica e o da Nazaré deixam a tutela central e passam para a Direcção Regional de Cultura do Centro.
Matilde Couto dirige estes três espaços museológicos desde então e diz que “estes dois últimos anos da minha vida nos museus, um passado recente, tão recente, que será cedo para o avaliar. Os museus estão em “mudança de paradigma”. Como coordenadores dos museus caldenses estão actualmente Carlos Coutinho, nas Caldas e Dóris Santos, na Nazaré. São estes os actuais responsáveis pelos espaços museológicos e que também marcaram presença, proferindo palavras de apreço para com a homenageada.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt