Comunistas querem “trabalhar com todos” para conseguir melhores cuidados de saúde

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PCPTrabalhar em conjunto com todos os partidos políticos, comissões de utentes e outros parceiros é a proposta defendida pelo PCP para uma defesa de cuidados hospitalares condignos para a população. Os comunistas defendem ainda que os cuidados primários têm que estar interligados com os cuidados hospitalares.
O PCP quer trabalhar em conjunto com todos, independentemente da cor política, para conseguir pressionar o governo para uma melhoria dos cuidados de saúde. “Para denunciar e alterar as leis que estão escritas, é preciso fazer as coisas em conjunto”, disse o deputado na Assembleia da República pelo PCP, Bruno Dias, na sessão pública sobre o Hospital das Caldas e o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que decorreu no passado dia 20 de Fevereiro, na sede da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório.
Bruno Dias realçou que enquanto se tem verificado um “corte brutal” no orçamento do SNS , “continua a aumentar a verba que é transferida todos os anos, principalmente por parte da ADSE, para os grupos económicos e financeiros na área da saúde”. O deputado revela que as condições dos utentes estão cada vez piores e que, inclusive, já nem se fala das preocupações com a espera das pessoas deitadas em macas porque agora estas já ficam internadas em cadeirões por não haver camas disponíveis.
Também os cuidados primários preocupam Bruno Dias que, socorrendo-se de dados da administração central do sistema de saúde, informou que existem no agrupamento de centros de saúde do Oeste Norte (ACESON) 19.056 pessoas sem médico de família.
Vítor Fernandes, dirigente local do PCP; fez uma resenha do passado recente das Caldas ao nível dos cuidados de saúde, destacando a perda de valências e de qualidade dos serviços com a fusão do hospital caldense com o de Torres Vedras
“Para nós a criação do CHO foi para reduzir serviços, a perda de valências e não sei se não terá por objectivo o encerramento dos três hospitais”, disse, acrescentando que a situação actual é preocupante.
No encontro estiveram representadas todas as forças políticas com assento na Assembleia Municipal, assim como representantes das comissões cívicas, dirigentes sindicais e cidadãos das Caldas e dos concelhos limítrofes, abrangidos por este hospital.
Para Vítor Dinis o futuro do hospital caldense deverá ser o seu encerramento, criticando o trabalho da actual administração do CHO. “A primeira coisa a fazer era tirar de lá a actual administração e depois fazer um levantamento do hospital, ao nível de doentes, médicos e número de camas”, defendeu.
Também Edgar Ximenes, do MVC, mostrou a sua preocupação com o estado a que chegou a saúde nas Caldas. “É de tal modo preocupante que há uma unidade na apreensão, mas não na acção, entre todas as forças politicas na Assembleia Municipal”, disse, convidando os cidadãos a participar nas reuniões deste órgão de modo a que se possa fazer mais pressão.

Faltam 70 enfermeiros nas Caldas

Rui Marrone, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, denunciou o desinvestimento que tem sido feito nas infra-estruturas e profissionais e, referindo-se concretamente às Caldas da Rainha, disse que faltam 70 enfermeiros neste hospital.
Também presente na reunião, a juíza Isabel Baptista alertou para as consequências que o encerramento do serviço de Psiquiatria teve ao nível da Justiça, não existindo agora quem faça os relatórios médicos nas Caldas, tendo-se de recorrer a Leiria ou Lisboa. Já as consultas de Ortopedia passaram para Torres Vedras, mas não há capacidade de resposta, pelo que as pessoas terão que ir fazer as perícias médicas a Loures ou Lisboa.
“O poder local nunca esteve atento em relação à Justiça, espero que agora esteja em relação à Saúde”, disse Isabel Baptista.
Sandra Nobre, da Comissão Cívica de Protecção do Hospital Termal, denunciou a falta de meios no hospital caldense e informou que está a ser “desaconselhado às grávidas de Torres Vedras vir para as Caldas e irem antes para Loures”. Alertou ainda que quando este hospital tiver menos de 1500 partos por ano fecha, e considera que existe um “boicote claro” por parte da administração do CHO à saúde materna e obstetrícia.
José Raposo, da concelhia de Óbidos do PCP, deu a conhecer a situação “calamitosa” do centro de saúde de Óbidos, que funciona há vários anos num pré-fabricado, bem como de uma falta de médicos e outros técnicos de saúde “gritante”. O também deputado municipal acrescentou que, por outro lado, existem instalações relativamente novas que se encontram subaproveitadas, como é o caso da extensão do Olho Marinho.
Já para o médico e ex-deputado municipal pelo PSD, José Fernando, o fundamental é que se unam esforços, se faça um diagnóstico da situação e se trace o caminho a seguir.