O falso empresário que enganou ex-desempregados

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Venho por este meio apresentar um caso que acho importante ser denunciado e que se passou comigo e com mais umas dezenas de colegas meus.
A situação abaixo descrito julgo que judicialmente poderá ser descrita como burla e enriquecimento ilícito.
A firma em questão dá-se pelo nome de Juan Ferreira Construçoes Unipessoal, Lda. e tem como patrão um senhor de nome Juan Ferreira (nome que é falso porque na verdade ele chama-se João Ferreira) e sua esposa Sandra Morgado Ferreira.
Eu, José Pimenta, como muitos outros cidadãos, encontrava-me desempregado e inscrito no Centro de Emprego quando recebi uma carta do IEFP com uma oferta de trabalho para a dita empresa.
Vindo a oferta de uma instituição que me pareceu credível, aceitei a oferta e contactei a dita empresa.
Para começar, a morada que nos é fornecida por eles como sede da empresa é de um apartamento que se encontra fechado e desabitado. Contacta-se então o número fornecido. Atende a senhora Sandra que nos atende muito cordialmente, ficando com os nosso contacto para sermos contactados posteriormente pelo patrão. Até aqui nada de muito anormal…
Depois, durante a entrevista, é-nos transmitido que estamos perante uma boa empresa, com muitos obras pela frente e com bons ordenados. A mim e a outros colegas foi oferecido um valor de 850 euros mensais, um bom ordenado nos dias que correm.
Durante os primeiros tempos tudo corre normalmente como se de uma firma normal se tratasse. Mas o inferno começa com o aproximar do fim do mês: aquelas pessoas acessíveis e compreensíveis que conhecemos no inicio deixam de o ser.
Dificilmente passam a atender o telefone sendo só a comunição feita através de mensagem e com resposta do tipo ”estou em reunião”, “estou no banco” ou “agora não posso estou ocupado”.
No fim do mês começam os adiamentos para os respectivos pagamentos. Primeiro pagam ate ao dia 8, depois até ao dia 15, até que o mês passa e pagamentos nada…
O funcionário começa a desesperar de não receber nada e acaba por sair sem receber. Das pessoas que descobriram onde eles habitaram, uma foi ameaçada que se voltasse a tocar na campainha que levava dois tiros. A outra foi avisada para ter atenção ao que fazia pois ele tinha uma pistola. Eles, com medo, não voltaram a pedir os ordenados.
O Centro de Emprego começou a receber reclamações cancelou-lhes a inscrição do pedido de trabalhadores. Mas eles já contornaram este pequeno percalço e neste momento estão a recrutar trabalhadores em sites na internet sendo esta situaçao muito mais difícil de controlar.
Como outros meus colegas, também eu deixem de ir trabalhar, ao fim do segundo mês. Mas nem eu nem os meus colegas conseguimos provar que trabalhamos para a dita firma pois o casal, inteligentemente, durante os tempos de laboração nunca entregou qualquer documento relativo a existência da firma ou que prove que trabalhamos efectivamente para eles.
Eles não entregam contracto de trabalho e não fazem qualquer desconto na Segurança Social, nem seguro de trabalho.
Alguns ex-desempregados estão agora em dificuldades pois, além de não receberem os ordenados, perderam o direito a receber o subsidio de pois não têm os papéis necessários para a reactivação do mesmo, havendo mesmo alguns a ter que pedir emprestado para fazer face às despesas.
Este casal já recrutou pessoas das Caldas, Bombarral, Peniche, Torres Vedras e agora em Lisboa. Todos recrutados da mesma forma e com o final igual aos outros. (…)
De salientar que o Centro de Emprego nada tem a ver com esta situação pois também foi apanhado no conto do vigário e tudo fez para solucionar o problema da melhor forma.
Eu com esta carta não pretendo difamar ninguém. Tudo o que escrevi, tenho documentado e gravado. Quero apenas alertar para que em futuras promessas de trabalho as pessoas não caiam no conto do vigário como eu e muitos dos meus colegas caíram com promessas de bom emprego e bons ordenados. Só quero evitar que outras pessoas possam sair lesadas em casos idênticos.
José Pimenta

NR – Gazeta das Caldas tentou contactar o empresário visado, por telefone (que não atendeu) e por carta registada, não tendo obtido resposta.

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