De novo as largadas de touros no Parque D. Carlos

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Após o sucesso do ano passado, anuncia-se já o IV Festival do Cavalo Lusitano do Oeste, levado a cabo pela Associação de Criadores do Puro Sangue Lusitano do Oeste e a realizar no Parque D. Carlos I, de 15 a 17 de Maio.
Inserido neste certame decorrerão também vacadas e largadas de toiros durante os 3 dias do evento.
Sendo totalmente a favor que possamos usufruir o mais possível do Parque D. Carlos I e que se realizem vacadas e largadas de toiros em locais apropriados, lamentamos profundamente que o ano passado não tenha sido suficiente para que as entidades responsáveis ficassem conscientes de quão prejudicial é este acontecimento para a integridade do próprio Parque.
Se o Festival do Cavalo, de um modo geral, poderá ser encarado como um evento positivo para a cidade e que é valorizado por decorrer neste cenário, já o mesmo não se poderá dizer relativamente às largadas de toiros pois estas trazem consigo muito prejuízo para o próprio local. Prejuízo esse que jamais poderá ser compensado.
Já no ano passado se previa que esta era uma actividade abusiva para este local. E não basta limpar o chão no final da festa e plantar uma jovem árvore para compensar a tília com mais de 50 anos que foi removida. Foram feitos buracos para colocar as vedações de madeira, muitas vezes ferindo as raízes. No final foram tapados sim, só que este ano voltam a ser abertos para voltar a colocar nova vedação.
É suposto que estes locais sejam estáveis, onde as árvores estabeleçam as suas raízes e as suas copas no sentido do seu melhor desenvolvimento. Soma-se o impacto do público inerente a este evento. Inevitavelmente acontece o pisoteio do terreno por milhares de pessoas que se deslocam pela zona envolta das largadas. O que é natural e normal, mas não para este espaço verde.
É arrasador para o Parque e mais grave ainda porque depois não há investimento na recuperação adequada do espaço, alegadamente por falta de verbas e de mão-de-obra.
E assim este património vai-se degradando. Estamos a usar e abusar deste legado, sem o cuidar e recompor para o futuro. O Parque encontra-se num estado adulto e em que algumas plantas começam a ficar decrépitas, requerendo cuidados redobrados na sua manutenção e a pensar no seu rejuvenescimento.
O que torna os sítios especiais é o seu espírito e o “genius loccis” do nosso Parque não é de todo compatível com o espírito da festa brava mas sim atropelado por ele.
Pelo que evocando o espírito com que o nosso Parque e Mata foram criados, gostaríamos que as entidades competentes e intervenientes neste processo, da próxima vez pesassem os prós e os contras desta ação e decidissem a favor de Caldas da Rainha.

O Conselho da Cidade – Associação Para a Cidadania