PAÇOS DO CONCELHO

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A escolha dos deputados

A escolha, feita pelos principais partidos políticos, dos nomes que integram, no círculo distrital de Leiria, a lista de candidatos a deputados à Assembleia da República mostra, pelo menos para as Caldas, que a democracia nunca é um sistema perfeito. Será mesmo, como uma vez disse Winston Churchill, o pior dos sistemas, à exceção de todos os outros já experimentados.
A concelhia do PSD das Caldas da Rainha decidiu, por unanimidade, indicar a já deputada Maria da Conceição Pereira para fazer parte da lista. Por sua vez, Fernando Costa, o líder da distrital de Leiria do PSD, foi indicado pela própria estrutura distrital para integrar a mesma lista. Uma vez que o distrito de Leiria tem mais concelhos do que deputados eleitos à Assembleia da República, nunca poderiam constar na lista representantes de todos os concelhos. Foi por isso que as restantes secções concelhias do PSD se opuseram, compreensivelmente, a que existissem, na lista, duas pessoas tão ligadas às Caldas da Rainha. Desta forma, a distrital manteve o nome do seu presidente Fernando Costa, excluindo a vereadora caldense Maria da Conceição Pereira da lista de candidatos.
Apesar de também ficar muito bem representada por Fernando Costa, a secção caldense do PSD, a maior do distrito de Leiria, contestou aquela decisão, não aceitando que não constasse na lista de candidatos o nome que, por unanimidade, havia escolhido e, naturalmente, recorreu para as estruturas nacionais. Aqui, e uma vez que nenhum deles desistiu a favor do outro, a Comissão Política Nacional teve de votar o nome de qual dos putativos candidatos se manteria na lista. Ganhou Maria da Conceição e Fernando Costa passou a ser o único presidente de uma distrital do PSD a não integrar a lista de candidatos à Assembleia da República.
Foi pena que o Presidente Fernando Costa não tivesse conseguido, na distrital de Leiria do PSD, fazer vingar a tese de que era possível estarem os dois nomes na lista. O de Maria da Conceição Pereira, como única indicação das Caldas, e o de Fernando Costa como representante do distrito, estando, por isso, numa posição supra concelhia. A consequência foi a saída de Fernando Costa e a descida na lista de Maria da Conceição, que fez um mandato elogiado e reconhecido por todos, para uma posição injusta para as Caldas, em que poderá não ser tão fácil a sua reeleição.
Na oposição, porém, a situação é ainda menos clara. Na verdade, nas eleições deste ano, as Caldas saem triplamente penalizadas: a juntar à saída de Fernando Costa e à descida de Maria da Conceição Pereira na lista de candidatos, a estrutura distrital de Leiria do PS, através dum processo pouco transparente e pouco ético, excluiu Delfim Azevedo da lista de candidatos, fazendo com que os caldenses perdessem um bom deputado na Assembleia da República. Episódios como estes devem fazer os partidos refletirem sobre o modo de escolha dos seus candidatos a deputados.
A escolha de candidatos, seja às eleições legislativas ou a qualquer outra coisa, é sempre um processo difícil. Talvez seja a forma que a democracia encontrou para fazer uma espécie de seleção natural. Só aqueles que demonstrarem mais capacidade, mais engenho e mais arte para nos representarem na Casa da Democracia, é que integram as listas de candidatos.
No entanto, como Fernando Costa já disse, nestas eleições está em jogo algo muito mais importante do que os nomes em concreto dos candidatos a deputados. O que importa em outubro é mantermos em funções um governo que conseguiu retirar Portugal da bancarrota. O que importa é não voltarmos a um tempo de despesismo irracional que quase nos deixou numa situação como a da Grécia.

Jorge Varela
jorge.varela@ipleiria.pt