A importância das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação fora dos grandes centros urbanos

0
856

IMG_2817O serviço pré-hospitalar através das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) permite ao cidadão ter um diagnóstico de qualidade mais rápido em qualquer lugar e a qualquer hora. A importância deste serviço fora dos grandes centros urbanos foi debatida nas Caldas, na Escola de Sargentos do Exército, no passado sábado, por ocasião do II congresso da VMER de Caldas da Rainha. A escolha do tema mereceu elogios, até porque 75% das viaturas médicas se localizam fora dos grandes centros (Porto, Coimbra e Lisboa).

Durante o passado sábado cerca de 200 profissionais de saúde reuniram-se no auditório da Escola de Sargentos do Exército para debater o serviço pré-hospitalar. Em estudo estiveram vários casos como o trauma (nos grandes centros e fora deles e o controlo da dor aguda na vítima de trauma), o parto de urgência (do pré ao intra-hospitalar), a segurança do doente e do profissional, a via verde coronária e AVC (nos grandes centros e fora) e a pediatria.
Estes foram os temas debatidos no II Congresso da VMER de Caldas da Rainha, depois de em 2006 se ter organizado o I congresso dedicado à “Emergência e Cidadania”.
As VMER são constituídas por um médico e um enfermeiro, com equipamento de Suporte Avançado de Vida. Permitem que a equipa médica se desloque aos locais de acidente ou ao domicílio e que exista uma primeira análise mais cedo. Por outro lado, permite também o acompanhamento no transporte.
Nas Caldas a VMER foi criada a 15 de Maio de 2002, contando desde então com cerca de 20 mil activações, nas quais prestou socorro a 21 mil vítimas (cerca de 33 pessoas por semana). Conta com 25 médicos do CHO e outros que trabalham em prestação de serviços através de empresas especializadas neste tipo de mão-de-obra. A equipa de enfermagem é constituída por 16 elementos.
As viaturas pertencem ao INEM, que é o responsável pela manutenção das mesmas, enquanto que o CHO assegura o consumo clínico, combustíveis e vencimentos do pessoal.
Em termos de acidentes, as causas de activação mais frequentes nas Caldas são os rodoviários. Apesar de se verificar uma redução que reflecte a realidade nacional, “continuam a ocorrer situações de grande gravidade principalmente no IC2 (zona da Benedita) e em várias zonas da A8”, contou Joaquim Urbano, coordenador da VMER caldense,
A estes seguem-se os acidentes pessoais (quedas), os que ocorrem com máquinas agrícolas (tractores), os afogamentos, os suicídios (enforcamento e armas de fogo) e as agressões.
Por outro lado, em termos de doenças súbitas, sobressaem como mais usuais as saídas para socorrer paragens cardiorrespiratórias (PCR), perda de conhecimento, patologias cardiovasculares (enfarte do miocárdio, disritmias, insuficiência cardíaca descompensada, crises hipertensivas, AVC, etc.), hipoglicemia nos diabéticos, patologias pulmonares (complicações de bronquites crónicas e insuficiência ou Infeção respiratória) e intoxicações.
A maioria das saídas são para os concelhos de Caldas (cerca de 50%), Óbidos, Bombarral, Peniche e para as freguesias de S. Martinho do Porto, Benedita e Alfeizerão (todas em Alcobaça). Isto apesar de Nazaré, Cadaval, Rio Maior ou Lourinhã também figurarem no mapa de activações.
Por outro lado, “tem havido ocorrências noutros locais sempre que o CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] considera que esta VMER é o meio de socorro disponível, adequado e mais próximo do local do acidente ou da doença súbita”, explicou Joaquim Urbano.
Em Portugal existem 42 VMER e cinco helicópteros, mas Paulo Campos, presidente do INEM, afirmou a ambição de expandir o sistema para 44, “ficando assim completo aquilo que é o panorama legislativo, que é termos uma viatura médica por cada hospital médico-cirúrgico e por cada hospital polivalente”.
Paulo Campos aproveitou a presença no congresso para anunciar algumas novidades em relação às VMER, que passarão a estar melhor equipadas e disse que pretendem em 2016 “melhorar os tempos de acesso ao cidadão” através de uma alteração no “modelo do sistema de informação e de georeferenciação do pré-hospitalar”. Desta forma saber-se-á sempre, a cada momento, em que local exacto se encontram as viaturas.
O coronel Pedro Sardinha, comandante da ESE, lembrou o “protocolo existente entre o CHO e a ESE, assinado em Janeiro no ano passado”, que tem permitido “uma troca de conhecimentos ao nível de liderança e do curso de socorros básicos de vida”.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, encerrou a sessão, lembrando que a comunidade vê a VMER como “um conjunto de profissionais muito empenhados, que fazem trabalho fantástico e que é sobejamente reconhecido por todos”.

Isaque Vicente
ivicente@gazetadascaldas.pt