O som dos Beatles num telhado

Já se imaginou a passear pela rua das montras a um sábado de manhã e de repente ouvir “Get back” ou “Don’t let me down”, dos Beatles, cantado alto e bom som? E se, de repente, olhasse para cima e avistasse uma banda a tocar num telhado?
Foi uma viagem de 50 anos que agitou o centro da cidade no passado sábado, numa iniciativa que juntou vários artistas caldenses e que mereceu rasgados elogios de quem assistiu a um concerto no telhado.

A 30 de Janeiro de 1969 os Beatles davam aquele que seria o seu último concerto. Pensaram em vários sítios, desde um deserto a um palácio, mas no fim decidiram: “vamos subir para o telhado” e assim foi. Um concerto histórico no topo da Apple Records, em Londres, que agora, por ocasião do 47º aniversário, foi recordado nas Caldas.
E, de um momento para o outro (num evento que levou dois meses a organizar) a zona comercial da cidade é animada ao som dos “Fab Four” de Liverpool, com um concerto no telhado e com actuações em dois espaços emblemáticos: Capristanos (Conservatório de Música de Caldas e da Sociedade Musical e Recreativa Obidense) e Quiosque da Praça (Quarteto de Saxofones da Sociedade Musical Recreativa Obidense). Uma festa aos Beatles.
Na rua Heróis da Grande Guerra no passado sábado, já depois das 11h00, à medida que por ali passavam, as pessoas procuravam perceber de onde vinha a música. Olhavam para os lados, depois para cima e viam gente nos telhados.
Alguns ignoravam, outros, mais curiosos, subiam também para o terraço do prédio em frente aquele em que os músicos tocavam. Lá em cima encontravam várias gerações, dos mais novos aos mais velhos, a apreciar um concerto de tributo aos Beatles. Uns cantam, outros dançam os sucessos de uma banda intemporal. Rapidamente se juntou mais de uma centena de pessoas no telhado por cima do Pingo Doce.
Dos Yolk a Os Amigos do Gaspar, passando pelos Raging Dildo, The Boneatles (Democrash & Rock Spirits), Ubo, Manuel Simões e Cave Story, Loopooloo, Beatbombers e Gomo, foram vários os artistas caldenses que se associaram a esta iniciativa.
O evento teve a produção de João Bernardes, João Pombeiro e Gonçalo Catarino e até S. Pedro colaborou, sem chuva nem frio.
Do telhado em frente ao concerto, o jovem Ricardo Gomes disse à Gazeta das Caldas que o concerto “superou as expectativas”. Realçando o facto de os artistas serem caldenses, considerou esta “uma boa iniciativa”, mostrando-se esperançado “que quem teve esta ideia tenha mais”. A terminar, acrescentou que “as Caldas é uma cidade com tradição artística e cultural, mas são as pessoas têm de fazer acontecer”.
Já Ana Simões, que tem um filho a tocar numa das bandas, achou que o concerto no telhado estava “fantástico”. Afirmando-se como uma fã dos Beatles, defendeu que “devia de acontecer mais vezes, até porque temos aqui muito bons músicos que deviam ser acarinhados pelos caldenses”.
Ricardo Mendes, dos Cave Story, já depois de ter tocado no telhado ,deu os “parabéns pelo conceito do evento e pela dedicação” da organização. Destacando o papel dos Beatles na música moderna e o marco que foi o concerto no telhado, afirmou que “poder recriá-lo e ainda para mais só com músicos caldenses foi bastante divertido”, acrescentando que foi “interessante ver como cada um interpretou os temas à sua maneira”.
Notando que “não é todos os dias que se tem a oportunidade de tocar num telhado”, referiu “a possibilidade de contemplar a nossa cidade e o ambiente de outro ponto de vista”.