Dez obras de arte pública formam a rota Ferreira da Silva

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1-salacheiaSemcadeiras copyFoi inaugurada na terça-feira, 5 de Abril, a Rota Ferreira da Silva no novo espaço de Turismo ao cimo da Praça da Fruta. Dela fazem parte dez obras de arte pública espalhadas por toda a cidade. Além de um desdobrável que explica cada uma destas intervenções, na cerimónia foi exibido um filme, feito pela TV Caldas, onde o mestre Ferreira da Silva explicava em 2013 cada um dos seus trabalhos. A iniciativa integra também a Festa da Cerâmica.
Textos e fotos: Natacha Narciso
Foi numa sala repleta de gente que foi dada a conhecer a Rota Ferreira da Silva. As cadeiras não foram suficientes para todos os que quiseram assistir a esta sessão que destaca as obras de arte pública deste artista plástico, nascido no Porto em 1928 mas que viveu a maior parte da sua vida no Oeste. O artista, que faleceu no passado dia 8 de Março, deixou uma marca forte nas Caldas da Rainha através de grandes obras de arte pública que pontuam em vários espaços urbanos.
Segundo o investigador João Serra, responsável pela Festa da Cerâmica (evento que contempla várias iniciativas relacionadas com este autor), este ano vai ser publicado  o  segundo volume da “Colecção Municipal Ferreira da Silva” que será dedicado à sua obra em espaço público. A funcionar já está o Centro de Documentação Ferreira da Silva, na sede da Associação PH.
João Serra explicou que as obras que integram a rota foram feitas entre 1989 e 2010, no Cencal ou na Molde, ou em ambos os espaços. “Formam instalações de grandes dimensões por onde perpassa a dimensão escultórica, painéis azulejares, por vezes com recursos a diferentes materiais, como o ferro e o vidro”, afirmou, referindo-se à mistura de materiais, que é habitual nas suas criações. A poesia, a mitologia ou o feminino são presenças constantes nos seus trabalhos,  assim como  a figura da rainha D.ª Leonor, a fundadora das Caldas da Rainha.
“Poucas serão as cidades no mundo que ostentem uma tão profusa obra plástica em espaço de acesso público. As Caldas tem uma marca profunda deixada pelo artista. Não seria a mesma cidade sem essa presença forte e desafiadora”, afirmou o comissário da Festa da Cerâmica. Segundo o investigador, o revestimento do viaduto da Rua Prof. Manuel José António, o obelisco Leonor, colocado em frente à Expoeste, ou a instalação compósita Jardins da Água (que fica nas traseiras do Chafariz das 5 Bicas), “são  realizações artísticas fundadoras do próprio local, “site specific foundation”.
A derradeira obra de Ferreira da Silva – O Jardim de Água – foi a que mais tempo lhe exigiu. Ele  inventou-a e reinventou-a sucessivamente ao longo de mais de uma década. Iniciada em 1993, esta intervenção combina fragmentos de construções antigas com criações contemporâneas em ferro, vidro, cerâmica e azulejaria.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, afirmou que já se desejava fazer a Rota Ferreira da Silva há algum tempo e que tal como a Rota Bordaliana, também as várias peças poderão contar com sinalética própria. “Estamos também a proceder a melhoramentos nas zonas envolventes das peças da Rota, incluindo a do Jardim de Águas”, disse.
O ex-presidente da Câmara, Fernando Costa, que esteve presente na cerimónia, pediu para falar a fim de chamar a atenção que a rota não está completa e que esta deveria incluir o Hotel Rural Quinta do Pinheiro (a 20 quilómetros), as obras que o mestre fez no interior do CHO e as obras do Museu de Cerâmica. “No Museu deveria ser criada a sala Ferreira da Silva”, disse Fernando Costa, que acha que o actual executivo ainda não prestou a homenagem devida ao autor.
Para Rui Ferreira da Silva, o filho mais velho do mestre, esta foi uma cerimónia “comovente”, em especial por ter visto pai no documentário da TV Caldas. “Foi  um dia muito tocante e ao mesmo tempo alegre por termos visto que o trabalho dele está a ser desenvolvido e alvo de reconhecimento”, disse.
A rota 
  • Viaduto Eurídice – passagem inferior caminho-de-ferro
  • Obelisco Leonor – em frente Expoeste
  • Jardim de Água/Quatro Estações – CHO
  • Painéis escultóricos – Oeste/Cim
  • Parede azulejar que reveste piscina junto à Secundária Raul Proença
  • Mural da Tertúlia Artes e Letras – Loja Objectivo decoração de Interiores
  • Painéis azulejarem/muros exteriores e várias obras – Cencal
  • Painel Azulejar no átrio da Câmara Municipal
  • Painel escultórico no átrio do CCC
  • Painel escultórico no restaurante “Raízes” no Parque D. Carlos I (esplanada do Parque)