Barragem de Alvorninha vai regar campos agrícolas já na próxima Primavera

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O presidente da Junta de Alvorninha anunciou que a barragem vai finalmente servir para fornecer água para a agricultura

Pedro Santana Lopes era primeiro-ministro de Portugal quando veio inaugurar, a 22 de Janeiro de 2005, a barragem de Alvorninha, uma obra que custou cinco milhões de euros. Seis anos depois, é esperado que finalmente a água entretanto acumulada sirva para a agricultura de regadio.
Ao longo destes anos Gazeta das Caldas tem recordado várias vezes o facto de esta barragem há tanto tempo construída não estar servir para nada.
Em Junho de 2008, José Canha, director regional da Agricultura e Pescas do Ribatejo e Oeste, explicava que tudo estava a decorrer de uma forma normal e que se tratava do processo de enchimento. Isto depois de, em 2007, ter afirmado que no ano seguinte a barragem funcionaria normalmente.
Agora, o presidente da Junta de Alvorninha, Virgílio Leal, explicou que durante o primeiro enchimento “notou-se que havia uma ligeira fuga de água numa das saídas, que se veio mantendo”. Será algo de ínfimo, mas o suficiente para que o LNEC, que acompanhou a obra, necessitasse de fazer novos testes.
Agora está previsto que no final do Verão de 2011, depois de ter sido iniciada a rega, sejam feitos novos ensaios e, se tudo estiver normal, será finalmente emitida a licença de utilização.
A 14 de Janeiro, dia do jantar de ano novo da freguesia, o presidente da Junta de Alvorninha, reuniu com José Canha, a direcção da Junta de Agricultores e a Câmara das Caldas. “Há a partir de hoje a garantia de que logo que seja possível começar a regar podemos começar a fazê-lo”, revelou Virgílio Leal.
Nas próximas semanas serão feitas algumas descargas para mais testes e lavagem das condutas.
Está previsto que para as primeiras regas exista água suficiente para 50 hectares de campos agrícolas. Quando estiver na sua total capacidade, a barragem poderá vir a servir cerca de 100 agricultores.
A albufeira da barragem de Alvorninha tem capacidade para armazenar 711 mil metros cúbicos, inundando uma área de 11 hectares servindo terrenos das freguesias de Alvorninha, Vidais e Salir de Matos.

As boas notícias de 2010

A Junta de Alvorninha promoveu a 17ª edição do jantar de ano novo da freguesia, que reuniu 140 pessoas no restaurante “O Cortiço”. Os encontros realizam-se fora da freguesia porque é preciso uma sala com capacidade para mais de 100 pessoas.
Foram convidados a participar professores, educadores de infância, funcionários das escolas, dirigentes das colectividades, membros da assembleia de freguesia e os funcionários da Associação de Desenvolvimento Social da Freguesia (ASAF).
“É uma forma de agradecer a todos o trabalho que fazem pela freguesia pois, embora os funcionários recebam o seu ordenado, há muitas coisas que fazem por amor à camisola”, salientou o presidente da Junta.
Para o autarca, o ano de 2010 teve aspectos positivos e negativos. Pelo lado bom, destaca-se a inauguração do Centro Educativo de Alvorninha, a 20 de Junho, e a criação de uma equipa de futsal da freguesia que está a disputar a 2ª Divisão Distrital.
O vereador Tinta Ferreira salientaria mais tarde que essa obra tinha custado dois milhões de euros, dos quais metade foi pago pela Câmara e a outra metade através de fundos comunitários. “Não veio dinheiro nenhum da administração central”, salientou.
Tinta Ferreira aproveitou a oportunidade para pedir aos pais que moram naquela freguesia, mesmo os que trabalhem nas Caldas, para inscreverem os seus filhos naquela escola.
Para que novos casais se possam radicar em Alvorninha a Câmara tem vindo a desenvolver o projecto de urbanização social para jovens naquela freguesia, um processo que tem vindo a arrastar-se há vários anos e servido de promessa eleitoral em duas eleições autárquicas.
Já no jantar de ano novo de 2004 o presidente da Junta anunciava que na segunda-feira seguinte iria ser aberto o concurso público para a construção da urbanização social.
Sete anos depois, o vereador Tinta Ferreira anunciou que ainda durante este mês seria assinada a escritura do primeiro casal que irá construir naquela urbanização para jovens.

Falta de médicos na freguesia

Para o presidente da Junta, o pior de 2010 foram os problemas originados pela falta de médicos na extensão do centro de saúde em Alvorninha, cujos serviços prestados à população foram reduzidos quase para metade. “Temos uma médica que vai à extensão de saúde um dia por semana e uma outra médica que vai dois meios-dias”, explicou o presidente da Junta, salientando que é “manifestamente pouco para o número de utentes que a freguesia tem”.
A extensão de saúde chegou a ter dois médicos para cerca de 4000 utentes, mas com a saída dos clínicos ficaram apenas inscritas 1600 pessoas em Alvorninha porque quem pôde acabou por mudar para as Caldas da Rainha.
“Só que isso traz muitos inconvenientes à população, principalmente aos mais idosos que não têm condições de mobilidade para se deslocarem às Caldas da Rainha”, referiu Virgílio Leal.
A Junta tem vindo a reunir com a direcção do Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte para tentar solucionar a situação, mas o único compromisso é de ser colocado a tempo inteiro um médico na extensão de Alvorninha logo que haja algum disponível. Isso chegou a acontecer nos últimos meses de 2010, mas acabou o contrato com o médico que estava a tempo inteiro.
Outro lamento do presidente da Junta foi o de não ter sido possível iniciar em 2010 a construção do lar da freguesia. Apesar de já existir um terreno disponível, a Junta ainda não conseguiu apoio financeiro suficiente para arrancar com a obra. Uma das possibilidades será fazer a construção por várias fases.

Crise e esperança

A crise foi uma das palavras mais repetidas durante os discursos deste jantar e apesar dos votos de esperança, o presidente da Junta lembrou que também em casa de cada um é preciso fazer mudanças. “Se calhar habituámo-nos a viver acima das nossas possibilidades”, comentou.
O presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro, não se cansou de elogiar a vitalidade das pessoas de Alvorninha. “O traço distintivo de Alvorninha e aquilo que faz a força da freguesia, é que é uma terra de gente que trabalha”, afirmou.
Na opinião de Luís Ribeiro é “o vosso trabalho que vai vencer esse bicho mau que anda para aí e que se chama crise”. Por isso, os seus votos fossem que houvesse muita saúde para se poder trabalhar.
O vereador Tinta Ferreira queixou-se da falta de verbas da Câmara Municipal para poder continuar a fazer as obras necessárias no concelho. “As receitas [provenientes de taxas e impostos] estão a baixar muito e também houve um corte nas transferências do governo”, comentou.
No entanto, o autarca garantiu que vão poupar onde é possível para continuar a poder “a ter uma dinâmica de investimento que permita melhor a qualidade de vida das pessoas nas freguesias”.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt